quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

 
O QUE DIZER DA PSICANÁLISE? - Parte 2

 No texto anterior falamos que a descoberta freudiana de "uma outra cena" vinculada a um desejo, o levaria também a descobrir que esse desejo remetia a sexualidade. Foi através da sua clínica, na busca pela cura dos seus pacientes neuróticos, na observação através da associação realizada pelos seus pacientes, pelas lembranças e rememorações que revelavam um conteúdo que alternava entre prazer e desprazer, satisfação e insatisfação, que Freud foi aos poucos construindo o conceito de sexualidade e veio a falar posteriormente de sexualidade infantil. Para falar sobre o conceito de sexualidade em psicanálise, é importante primeiramente situar que tudo que se falava de sexualidade antes do Freud, estava relacionado a sexologia, uma ciência que tinha bastante evidência em sua época e que para essa ciência, a sexualidade estava estritamente vinculada a aquilo que diz respeito ao corporal, ao anatômico, ao fisiológico, com sua base apoiada na biologia. Freud de certa forma faz uma ruptura com o conceito de sexualidade vigente em sua época. Portanto quando Freud em um primeiro momento fala de sexualidade infantil está falando de algo ligado a esses registros de prazer e desprazer. A primeira mamada do bebê, por exemplo, costuma ser uma imagem bastante utilizada para ilustrar essa experiência onde está situada uma busca de satisfação para essa necessidade mas que também nessa experiência comparece um registro de prazer que vai além da estrita necessidade, no caso, a fome. Uma experiência que demonstra uma necessidade fisiológica sendo satisfeita mas que além do alívio da tensão dessa necessidade observa-se um registro de uma satisfação a mais, um prazer naquilo que ele recebeu do ato nessa relação com o outro, e será esse registro de prazer, esse há mais que acompanha uma satisfação que é biológica, é isso que Freud vai chamar de sexual, remetendo a construção do conceito de sexualidade. Nesse sentido ao dizer que existe uma sexualidade infantil ele não está se referindo a sexualidade que se pode referir ao adolescente ou ao adulto, mas em um sentido mais amplo do termo, no sentido de algo que se constrói a partir do encontro com o outro, no sentido amplo de que sexualidade diz respeito aos registros de prazer e desprazer, de satisfação e de insatisfação.

Falamos também no texto anterior que para Freud a sexualidade é pulsional , mas o que isso quer dizer? Falaremos disso no próximo texto. Até breve!

Antonio Roberto Silva
Psicanalista
Adjunto na Maiêutica Florianópolis – Instituição Psicanalítica
Especialista em projetos direcionados a pesquisas na área de saúde mental.
Membro fundador do C.E.P.P.P.
 antonio.psicanalise@gmail.com
(48)999195607
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