quarta-feira, 16 de agosto de 2017




DEPRESSÃO NÃO É FRESCURA - Parte III

De tanto ouvir falar que ele não tem nada, que não tem motivos para se sentir assim ou assado, que isso vai passar logo, que é fase, etc., o sujeito em estado de depressão muitas vezes, em um esforço descomunal passa a negar os seus sintomas, negar a tristeza profunda que sente, o sentimento de vazio e a apatia pela vida, dizendo aos que estão a sua volta que melhorou ou que está bem, numa tentativa desesperada de agradar e calar a boca daqueles que direta e indiretamente lhe criticam. No fundo o que a pessoa depressiva não precisa é de cobranças, necessita de tratamento, carinho paciência e compreensão daqueles que estão a sua volta.
A depressão hoje já é responsável por mais de 20% das faltas no trabalho no mundo. Os estados depressivos variam em gravidade, do mais leve ao mais grave que normalmente são acompanhados de idéias de morte e suicídio. A depressão pode surgir em qualquer idade e em qualquer estrutura ainda que algumas estatísticas apontem que elas apareçam mais frequentemente entre 20 e 50 anos. Na clínica vemos o sujeito depressivo comparecer com o ego empobrecido e desprovido de valor mas no desenvolvimento do processo psicanalítico o que vemos surgir através da queixa da depressão é uma história singular de sofrimento e desamparo. Não é incomum nos estados depressivos o sujeito buscar o alívio na negação, na bebida ou nas drogas. E a ideia de suicídio vem em algumas vezes em suplência da impossibilidade de sair desse estado crítico e letárgico. O sujeito depressivo precisa ser escutado antes que a fala lhe seja obturada seja pelo excesso de medicação, pela bebida, ou outras drogas, cessando as possibilidades de colocar em pauta a palavra e a sua responsabilização frente ao seu desejo. Para ele também vale o desejo de querer melhorar, sair desse estado em que se encontra, pois muitas vezes o estado injusto do qual ele se queixa é uma consequência de suas próprias escolhas!
Antonio Roberto Silva Psicanalista

Nenhum comentário:

Postar um comentário