quarta-feira, 16 de agosto de 2017



DEPRESSÃO NÃO É FRESCURA!

É coisa séria e merece ser tratada com todo respeito. Uma coisa é certa, não existe um modelo pronto para a cura da depressão: nem pela recorrência aos medicamentos que obturam a palavra do sujeito nem pelos métodos milagrosos que prometem uma rápida e sugestiva recuperação. Geralmente caracterizada por um sentimento de tristeza profunda, perda de interesse pelo mundo, esvaziamento de energia física e psíquica, entre outros sintomas negativos que incapacitam o sujeito para as atividades diárias, de acordo com a O.M.S (Organização Mundial de Saúde) até 2020 a depressão será considerada a patologia mais incapacitante em todo o mundo! Atualmente mais de 120 milhões de pessoas sofrem com a depressão no mundo e estima-se que só no Brasil são 17 milhões. Descrita pela primeira vez no início século XX (apesar de relatos sobre estados depressivos existirem cerca de 400 anos A.C.), ela ainda hoje é confundida entre as pessoas com tristeza e apatia, que são sentimentos comuns a todos os sujeitos em alguns momentos da vida. Com Freud, muitas conceituações preexistentes sobre os estados depressivos foram postas em causa. O deprimido em seu sofrimento faz referência à imagem ideal perdida, é como se ele dissesse “eu não sou mais o que eu fui e se eu não sou mais o que eu fui, eu não quero ser mais nada”. Com Lacan, tanto nos Escritos quanto no Seminário V, ele vai dizer que na depressão o sujeito cede sobre o seu desejo, e consequentemente burla a falta, ou seja, o sujeito evita a falta, o seu encontro com a castração. A falta que lhe angustia e que também pode produzir desejo. Se a depressão se instala justo quando o sujeito abre mão do seu desejo, o que a Psicanálise pode propor para o sujeito deprimido? Que aposta a Psicanálise irá fazer para resgatar o desejo do sujeito deprimido e fazer com que ele saia desse estado de letargia em que se encontra? É óbvio que a discussão sobre o tema relacionado a depressão não se esgota por aqui, mas a aposta será feita através do processo psicanalítico no sentido de resgatar o desejo desse sujeito por uma ética do bem dizer do desejo, possibilitando que o sujeito fale, priorize a palavra, se implique e retome o seu posicionamento em relação ao circuito desejante na sua história, redimensionando a sua maneira de lidar com a falta e com os seus sintomas!

Antonio Roberto Silva
Psicanalista
Adjunto na Maiêutica Florianópolis - Instituição Psicanalítica
Especialista em projetos de pesquisas direcionados à saúde mental
Membro fundador do C.E.P.P.P.,

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